segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Dores da vida

É... com todas as particularidades unilaterais a serem pensadas pelos engenheiros, a dificuldade fincava-lhes o mastro sobre suas cabeças.

A missão de Ricardo era construir um edifício todo de pedra, apesar da ruína da família, do divórcio e da perda da custódia dos filhos, ele tinha que fazer o melhor trabalho de sua vida.

Um dia desses, durante o intervalo do trabalho, resolveu sentar num quiosque e apreciar a sensação de solidão aliada a uma água de côco. Parecia como beber uma vitória triste, ou uma tristeza esperançosa. Parecia estar semi-vivo na cadeira, onde seu corpo apenas se mantinha sem deslizar, por causa dos filhos, perdidos nos braços da maldita mulher com quem se casara. Por que?
Era a única pergunta que se fazia: Por que? Por que não seguiu o conselho de não se casar, por que não procurou mais mulheres pra saber escolher? Por que foi casando logo por quem estava apaixonado?

-Que merda!! Ela destruiu a minha vida com meus filhos pra sempre!! Sou mais um pai que só vai ver os filhos no Fim de semana.

Ricardo não fazia idéia de como começar um edíficio todo feito de pedra, e não sabia por que queriam esse tipo de arquitetura no meio do Rio de Janeiro:

-Não estamos em Londres porra!! A nossa história não é medieval!! Nós éramos índios, porra!! Índios!

Mas ele precisava do dinheiro. É a lei da compensação, como naquela piada:

O filho pergunta pro pai:

-Pai, o que é "em compensação"?

-Ah filho, é um conceito complicado, mas eu vou resumir pra você. Digamos que sua mãe é uma puta, logo eu sou um corno, mas em compensação você é um filho da puta!


Então, se nosso protagonista aqui está divorciado e longe dos filhos, pelos menos um dinheiro pra fazer umas viagens ele tem que ter, "em compensação", não é?

Bom... Não sabemos como foi o fim desta breve história e nem de seus filhos, muito menos da mãe, só sei que: "se a vida fosse fácil, bebê não nascia chorando"( frase de camisa).

Ricardo acaba a história cantarolando a musiquinha que aprendera com o pai:

Chegava do trabalho cansado pra caralho Hahaha Hahaha Hahaha!!!

Subia a escada e comia a empregada Hahaha Hahaha Hahaha!!!

Entrava na cozinha e comia a vizinha Hahaha Hahaha Hahaha!!!



Escrevo esse texto em homenagem ao meu falecido pai.

3 comentários:

Eleanor Rigby disse...

A gente vive várias vidas em paralelo. Umas capengas, outras deformadas, outras bem-estruturadas, como um edifício de pedra. E o pior - ou melhor - é que essas vidas não se misturam e passamos os anos tentando nos adequar a elas.

Lu disse...

Construir castelos, com expectativas interrompidas esse é o nosso destino, enquanto não aprendemos a ter menos expectativa dos outros.
Posso estar errada mas esse é a minha opnião.
Em relação ao seu pai, não se preocupe ele tá em algum lugar te vendo e torcendo que você seja alguém que faça uma boa diferença.
Bjs
e obrigada pelo conselho :)

Edu disse...

Me lembra construção do Chico Buarque... fiquei meio embasbacado. Sério, não tenho mto o que dizer, só o que pensar!

Abraz