segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Seu (re)mundo em mim

Não foram os traços lindos do seu rosto ou toda a composição de seus cabelos com sua pele e seu pescoço, e toda aquela parafernália incrível criada por Deus nos tempos de Eva, Adão, Abel e Caim, que em você se prometeu mais evoluída. Embora não tenha sido também a descoberta da sua vinda em minha direção na primeira vez que te vi bonita e a primeira vez que te vi. Amor a primeira vista? Não sei. Só sei o que senti. Tensão e adrenalina, minhas tolas palavras fizeram você rir. Podia ter sido qualquer dia, qualquer outro dia comum/ engraçado onde faço todos rirem sem querer. Podia ter sido um dia onde eu estava sem graça e sem bulbo no peito. Podia ter sido um dia entediante/ entediado, onde o medo tivesse se apossado de mim, naquele instante em minha vida.

Mas não

Foi um dia estranho e contente, onde e como eu estava sorridente, sem saber direito se estava num sonho. Ouvi sua voz, ouvi a voz dos que estavam ao seu redor. Eu estava me comunicando, naquele momento com seres como se nunca tivesse me comunicado antes, como se não houvessem julgamentos ou interesses, eu estava num dia alma. Um dia segredo dos anjos, que só eles sabem qual é. Um dia tamanho de fé na vida. Sei lá, era uma espécie de acontecimento curioso que escondia sutilezas até nas unhas do pé. 

Não sei se dei conta de mim quando estava fazendo, ou se como onde conta dei de mim pra onde estava me metendo. Só sabia de uma coisa. Eu estava me metendo. Eu queria me meter naquela conversa. Eu não sabia se era por causa de você, mas com certeza aquela ânsia e medo me botaram mais pressa. Uma pressa solícita, entretanto, não diria calma, mas branda. 

Algo de mágico em seu jeito de criança, e maduro na sua canção de infância. Algo solto e expontâneo estava te circulando, e mesmo que você quisesse já tinha me botado nervoso. Aí veio algo, que fez o tempo parar por um intante, não diria brega, diria instante, mesmo.

Você perguntou o meu nome.

Estava lá, o mundo, me dando 5 segundos a mais de vida, o que durou 1 pra você dizer, me deixou vivo por mais 4. Cinco, um, quatro, os sentimentos me fazem ser por extenso se fui um número. Seu um segundo se transformou em quatro-mais-um-segundos.

Pra mim poderia ter sido naquele momento, mas por algum motivo não foi. Por alguma neurose, medo, distração de reponsabilidade. Eu não esperei o que não dava pra ser esperado, e evitei o que não pôde ser evitado mais tarde. Eu te olhei em minha lembrança e tive aquela sensação. 

Conseguia ver o mundo aos meus pés e eu aos pés do mundo. Na velocidade da luz vi algo tão lento quanto um caramujo. Vi você atravessando meu peito na velocidade de mais de um zilhão de segundos.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Blues alegre

Aquele olhar que vem naquele momento exato depois de algum momento que você não sabe mais qual é

Ou então aquela música que você nunca ouviu que toca depois de umas de suas músicas favoritas na lista, e você já não sabe mais qual era a música que tocava antes, e nunca vai saber se não olhar

Aquela mulher que faz você esquecer pra qual estação do metrô você estava indo, não por que você a achou interessante, mas porque está surpreso de estar conversando com ela como se a conhecesse há anos...

A sensação de anos, de anos a mais do que os da sua própria idade, após olhar folhas de outono, de uma árvore alta e velha, com a viscosidade fixa de mel marrom cobrindo-a, caindo devagar como no outono, sem ser outono.

Acidentes que não são acidentes, coincidências idem, acontecimentos que não eram pra acontecer, lembranças, saudades, a mediocridade do ser humano diante do universo, tudo.

Verdades prontas que se despedaçam com um simples desfiar de palavras do outro lado do ouvido...

Nostalgia...   A beleza do som e da música...

Norah Jones...

Carla Bruni...

Mulheres... Ah mulheres....

Ouço a melodia de tudo em conjunto num uníssono disforme pedindo mais de mim, curiosidade explodindo de curiosidade enquanto já absorve informação

Implosão explodindo dentro da explosão


segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Dores da vida

É... com todas as particularidades unilaterais a serem pensadas pelos engenheiros, a dificuldade fincava-lhes o mastro sobre suas cabeças.

A missão de Ricardo era construir um edifício todo de pedra, apesar da ruína da família, do divórcio e da perda da custódia dos filhos, ele tinha que fazer o melhor trabalho de sua vida.

Um dia desses, durante o intervalo do trabalho, resolveu sentar num quiosque e apreciar a sensação de solidão aliada a uma água de côco. Parecia como beber uma vitória triste, ou uma tristeza esperançosa. Parecia estar semi-vivo na cadeira, onde seu corpo apenas se mantinha sem deslizar, por causa dos filhos, perdidos nos braços da maldita mulher com quem se casara. Por que?
Era a única pergunta que se fazia: Por que? Por que não seguiu o conselho de não se casar, por que não procurou mais mulheres pra saber escolher? Por que foi casando logo por quem estava apaixonado?

-Que merda!! Ela destruiu a minha vida com meus filhos pra sempre!! Sou mais um pai que só vai ver os filhos no Fim de semana.

Ricardo não fazia idéia de como começar um edíficio todo feito de pedra, e não sabia por que queriam esse tipo de arquitetura no meio do Rio de Janeiro:

-Não estamos em Londres porra!! A nossa história não é medieval!! Nós éramos índios, porra!! Índios!

Mas ele precisava do dinheiro. É a lei da compensação, como naquela piada:

O filho pergunta pro pai:

-Pai, o que é "em compensação"?

-Ah filho, é um conceito complicado, mas eu vou resumir pra você. Digamos que sua mãe é uma puta, logo eu sou um corno, mas em compensação você é um filho da puta!


Então, se nosso protagonista aqui está divorciado e longe dos filhos, pelos menos um dinheiro pra fazer umas viagens ele tem que ter, "em compensação", não é?

Bom... Não sabemos como foi o fim desta breve história e nem de seus filhos, muito menos da mãe, só sei que: "se a vida fosse fácil, bebê não nascia chorando"( frase de camisa).

Ricardo acaba a história cantarolando a musiquinha que aprendera com o pai:

Chegava do trabalho cansado pra caralho Hahaha Hahaha Hahaha!!!

Subia a escada e comia a empregada Hahaha Hahaha Hahaha!!!

Entrava na cozinha e comia a vizinha Hahaha Hahaha Hahaha!!!



Escrevo esse texto em homenagem ao meu falecido pai.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A raposa e o coelho

Oi, pensei em você
pensei em você ontem, e hoje e amanhã
pensei em você de manhã, o que não pensei de manhã
pensei em você, sonhando, o que não sonhei na semana passada

sonhei com você ontem e você me encontrou no mês retrasado
Te esperei retardado num canto da Terra
enquanto não havia tempo ou Biosfera
eu não era, e esperava

Oi quem é você
quantas vezes vou te ver
como vou te ver nas vezes em que vou te ver
e quantas vezes vou te reconhecer conhecendo você

O que vou ver de você em mim
E o que será de mim em você
Oi, cadê você?
Não sei, cadê eu?

De que planeta eu vim e de que planeta veio você
Eu não sabia que aqui habitavam pessoas do meu planeta ou de planetas parecidos
Pensava ser o único da minha espécie
talvez tenha me enganado talvez não, parecidos/ enganos

Enganar com enganação
como são parecidos
comer com mastigar e Maria
com João

Pé de feijão, alegria que brota do céu
E já que botei céu no poema, e esse é um poema feliz
por que não botar a palavra: pássaro? Ou a palavra: feijão?
Ou leite e requeijão na janta de café do almoço das três horas?

Por que não posso viver no Terceiro batalhão da Aeronáutica e ao mesmo tempo voar sobre
O Pais das Maravilhas de Alice
Por que não?
E caçar você pelos vales como uma raposa caçando o coelho

E me ver perdido como um coelho e quando você(Raposa) chegar perto eu viro um monstro
E te assusto
E me assusto no espelho
quando vejo o monstro que me tornei

Não sei
nãotsei
Não te sei
Não to só, sei